LUCIA LEFEBVRE FISHER: UMA VIDA DE DEDICAÇÃO AOS LIVROS
Por Thiago Cirne e Claunir Tavares
Quase 60 anos de dedicação à organização e ao desenvolvimento da Biblioteca Marcos Juruena Villela Souto (BMJVS). Com graduação em Biblioteconomia e Direito, Lucia Maria Lefebvre Fisher tornou-se um exemplo de colaboração ao serviço público no Estado do Rio de Janeiro.
Em meio às novas tecnologias (além das obras impressas, atualmente a BMJVS dispõe de catálogos em rede e bases de dados digitais), o trabalho realizado por Lucia, que completaria seis décadas de atuação na PGE-RJ no dia 29 de julho de 2015, ainda pode ser visto e é bastante utilizado.
Livros, periódicos, leis, decretos e resoluções estão rigorosamente registrados em antigas fichas catalográficas, que eram armazenadas em gavetas para consulta dos usuários. Hoje, grande parte dessas informações já está informatizada.
A BMJVS promove uma homenagem à servidora aposentada, com a mostra Lucia Fisher: uma vida de dedicação aos livros. Itens que remetem ao seu trabalho estarão expostos no térreo da sede da Procuradoria durante o mês de agosto de 2015.
A Bibliotecária Alessandra Oliveira lembra de seu ingresso na Procuradoria e a recepção de Lucia Fisher: “Quando cheguei à Biblioteca em 2010 fui recebida por Lucia e depois, ao saber que ela já estava trabalhando desde 1955, qual não foi a minha surpresa! Fui muito bem recebida e logo percebi a qualidade e eficiência do seu trabalho”, comenta.
Alessandra lembra ainda que o trabalho de Lucia ainda é consultado pelos bibliotecários: “As fichas (catalográficas) que ela preparava são muito utilizadas até hoje”.
Antes de deixar as atividades da PGE-RJ em janeiro deste ano, Lucia concedeu uma entrevista ao jornal Espaço PGE. Confira alguns trechos da matéria publicada em 2014:
Formação e concurso
Lucia estudou na Fundação Biblioteca Nacional (FBN), em uma das primeiras turmas do curso de Biblioteconomia. “Entrei na Biblioteca Nacional quando o curso durava dois anos. Na minha época, ninguém fazia faculdade e tínhamos poucos cursos. Estudei lá entre 1951 e 1952 e depois trabalhei no mesmo lugar por três anos”. Para ela, a biblioteca não era algo comum antes da graduação: “Eu nunca tinha entrado em uma biblioteca e não entendia muito. Depois que terminei, vi um anúncio de trabalho e me interessei”, comenta.
Após a breve passagem pela BN, Lucia prestou o concurso para a Procuradoria, iniciando suas atividades em 1955. “Fiz o concurso e passei a trabalhar com a Wanda (Ferraz). A biblioteca começou com doações. Entrei aqui em julho de 1955, na rua Debret, onde hoje é o edifício do Jockey. Depois mudamos para a Erasmo Braga, 118, onde hoje é a Secretaria de Planejamento. Éramos poucos e os Procuradores tinham seus números. Depois, em 1961, com Carlos Lacerda, foram criados a carreira de Procurador e os concursos”, salienta. Em 1979 a PGE instalou-se na Rua Dom Manuel.
Demanda
Os usuários procuravam as leis e decretos. Lucia conta que a biblioteca era pequena, com poucos livros. “Aos poucos fomos comprando e reencadernando livros antigos. Não existiam publicações de leis (em cadernos) e fazíamos livros de recorte”.
Na lembrança, um usuário que marcou época. Gustavo Philadelpho Azevedo é citado como aquele que “criou isso tudo”. A servidora relata que o pai de Gustavo (José Philadelpho de Barros e Azevedo, que foi Ministro do Supremo) elaborava coletâneas de leis, publicadas no Jornal do Commercio, que eram armazenadas na biblioteca.
Outra coleção importante compôs o acervo da Procuradoria. Segundo a bibliotecária, foram compradas as obras pessoais de Francisco Campos na gestão do então prefeito Negrão de Lima. “Depois recebemos os livros do Philadelpho e Octavio Tarquinio. Agora temos a coleção do Raymundo Faoro. O Dr. Faoro era uma das pessoas mais inteligentes do Brasil”, destaca. Lucia reconhece a mudança no perfil dos usuários nos últimos anos: “Recebemos muitos estudantes. Acho que a biblioteca já está pequena…”.