A fachada na rua Riachuelo, no coração do Centro Histórico de Porto Alegre, é modesta para as cifras por trás dela. Antes de exibir a placa “Arquivo Público do Rio Grande do Sul”, ela já hospedou o Colégio Estadual Júlio de Castilhos e até a Junta Comercial. Passada a porta de vidro, no prédio histórico construído há 112 anos, porém, estão 21 milhões de documentos sobre a vida de anônimos, autoridades, instituições e personalidades gaúchas remontando mais de dois séculos. Alguns são sobreviventes do tempo, como é o caso do documento mais antigo da casa: uma carta de liberdade de uma mulher escravizada, datada de 1763, assinada pelo “seu senhor”. Outros, são pilhas de papéis que foram se acumulando ali até 1985.

O Arquivo foi construído para ser arquivo. O acervo é mantido em um prédio com uma parede de 1,5 m de espessura. O piso dos três andares, repletos de estantes de concreto, é vazado, feito de ferro reciclado da via férrea. O princípio seria garantir a circulação de ar, para ajudar na preservação dos papéis. A mesma ideia do teto abobadado. A iluminação consiste em lâmpadas setorizadas, para evitar incidência direta de luz sobre os documentos. Os exaustores no alto seguem funcionando sem parar desde 1906.

Recibos de pagamentos de policiais, certidões de casamento e nascimento, prontuários do Hospital Psiquiátrico São Pedro desde a sua fundação. Durante anos, tudo o que acontecia na vida gaúcha ia parar no Apers. Com 5 mil metros quadrados de área, o espaço começou a ser reservado para prioridades. Entre as entradas mais recentes no acervo, por exemplo, está o material da Comissão Estadual da Verdade.

“Hoje existe uma instrução normativa que diz que os documentos que vão ser recolhidos tem que ser avaliados, classificados e indexados no nosso Sistema de Administração de Arquivos Públicos. Não é qualquer coisa que pode entrar aqui, com algumas exceções. Por exemplo, a extinção das fundações. Nenhuma das fundações tinha gestão documental, então, o Apers está acompanhando com o secretário como será encaminhado”, conta Aerta Grazzioli, arquivista e diretora do Arquivo.

Os arquivos das fundações que serão definitivamente extintas – e não incorporadas por alguma outra secretaria estadual – já tem o Apers como destino final confirmado. Só da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (Fdrh), por exemplo, Aerta estima que cheguem 12 mil caixas de documentos. A Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (Corag) também está na lista.

Os milhões de documentos guardados no local hoje vieram de 103 fundos de origem. Tabelionatos pelo estado, registros civis, documentos produzidos dentro dos três poderes. São pilhas de documentos que guardam o RS de várias épocas.

Além de estudantes de História e pesquisadores de diversas áreas, os maiores frequentadores do acervo são genealogistas, em busca de levantar árvores genealógicas, para dar entrada em pedidos de cidadania. No inverno, segundo Aerta, pessoas em situação de rua, que já perderam seus documentos, também recorrem muito ao balcão do Apers para conseguir uma identificação que os ajude a ter vaga em algum abrigo.

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Fonte: Sul21
Foto: Reprodução

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