Clara Stanton Jones, a primeira bibliotecária afro-americana presidenta da American Library Association

Como estudiosa da Biblioteconomia Negra Americana e Brasileira, tenho encontrado várias pessoas bibliotecárias que ainda não possuem suas contribuições e produções profissional e intelectual (re)conhecidas na Biblioteconomia brasileira. Sendo assim, tomei como missão visibilizar as epistemologias, ações e contribuições desses bibliotecários e bibliotecárias dentro do território brasileiro, em especial, no ensino de Biblioteconomia do país.Quando estudamos na graduação em Biblioteconomia sobre a American Library Association (ALA), dificilmente (para não dizer nunca) somos apresentados às bibliotecárias e aos bibliotecários negros que contribuíram para o desenvolvimento de bibliotecas e da Biblioteconomia americana. Ademais, muitos de nós até hoje não conhecíamos o movimento realizado pelos bibliotecários e bibliotecárias afro-americanos para a criação de bibliotecas para a população negra durante o período de segregação racial nos Estados Unidos, nem sobre formação de pessoas negras em Biblioteconomia e sequer sobre as ações implementadas para a luta antirracista e antissexista dentro da ALA.

Como pioneira, alcançou distinção como a primeira mulher negra e bibliotecária a chefiar a Biblioteca Pública de Detroit, bem como a primeira a dirigir uma importante biblioteca pública e urbana nos EUA. No entanto, Clara Jones enfrentou o racismo e a discriminação como bibliotecária negra atuante em bibliotecas públicas. Em um dos casos, após ser nomeada diretora da Biblioteca de Detroit, mais de 80 membros brancos do Conselho da Biblioteca protestaram contra a sua nomeação e, inclusive, Clara enfrentou petições que tentavam negar suas qualificações para a posse do cargo. Nessa biblioteca, Clara Jones criou um sistema de referência comunitária que passou a ser utilizado por diversas bibliotecas estadunidenses e que até hoje é usado para coleta, organização e fornecimento de informações práticas visando resolver problemas cotidianos das comunidades.

Apesar das barreiras raciais enfrentadas, na década de 1970, Clara Stanton Jones se tornou a primeira mulher negra e bibliotecária a ser a presidenta da ALA. Com o objetivo de enfrentar o racismo e o sexismo através da Associação, Clara aprovou a Resolução de Conscientização sobre o Racismo e Sexismo da ALA, visto que para esta bibliotecária negra, os Estados Unidos falharam em proporcionar igualdade às minorias étnico-raciais e às mulheres. Além disso – após diversos episódios considerados racistas – , a ALA se comprometeu a abordar o racismo e o sexismo dentro da profissão, adotando a Resolução como programa de ação para combate ao racismo e ao sexismo dentro da Biblioteconomia. Clara Jones tornou-se um membro ativo da Black Caucus da ALA, auxiliando na promoção da justiça, dos direitos humanos, da liberdade intelectual e do combate ao racismo e ao sexismo na profissão.

Fonte: Mulheres na Ciência
Fonte: Reprodução

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